Lasers usados em shows podem danificar a câmera do celular –João Melo • Edição: Melissa Cruz Cossetti =>CANALTECH
É VERDADE que lasers usados em shows podem danificar a câmera do celular dos espectadores. Cada vez mais artistas utilizam o recurso durante as apresentações, e os fãs devem tomar cuidado para não sair no prejuízo com o dispositivo danificado.
Especialistas ouvidos pelo Canaltech explicam que o laser pode afetar o smartphone em determinadas condições — como a potência do feixe de luz, o tempo de exposição e até o ângulo em que o feixe atinge a câmera.
Nas redes sociais, há diversos relatos de sensores de câmeras danificados por lasers usados em shows.
Leandro Tessler, professor do Instituto de Física Gleb Wataghin (IFGW) da Unicamp, ressalta que a potência total do laser não é, por si só, o principal problema para os aparelhos dos fãs.
“O que causa o dano é a potência dissipada em um dado pixel da câmera. As lentes concentram a luz incidente, e a densidade de potência pode ultrapassar o limiar de dano do sensor”, explica o físico.
Ainda assim, lasers com potência superior a 10 watts (W), usados em grandes shows, têm maior probabilidade de causar danos permanentes do que os de cerca de 5 W empregados em apresentações menores. *
Dicas para evitar problemas com a câmera do celular
Os especialistas lembram, porém, que existem regulamentações de segurança para o posicionamento e o tempo de exposição da plateia a esses feixes de luz, justamente para mitigar riscos.
Apesar dessas diretrizes, Leandro Tessler afirma que nem sempre os shows seguem corretamente as normas de segurança na montagem dos equipamentos de luz. Nesse caso, ele é enfático.
“Fuja de shows que projetam lasers diretamente sobre o público. Mas, se insistir em ficar, o ideal é não expor o celular aos feixes”, recomenda o físico da Unicamp.
Roberto Menezes, professor de Física do Instituto Mauá de Tecnologia também reforça a importância de reduzir ao máximo o tempo de exposição da câmera ao feixe de luz caso perceba que o show utiliza esse tipo de equipamento.
* Outro fator que influencia diretamente o risco de dano é o ângulo de incidência da luz sobre o celular, já que isso afeta a quantidade de energia depositada no sensor.
“Quando o laser incide perpendicularmente sobre o alvo, a energia depositada é máxima, aumentando as chances de danos. Quando incide em um certo ângulo, há uma redução dessa energia, o que diminui o risco”, explica Roberto Menezes, professor de Física do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT).
O docente acrescenta que o tempo de exposição também é um fator crucial: quanto maior ele for, maior será a energia acumulada sobre o equipamento.
Nessas condições, a luz dos lasers pode queimar áreas do sensor da câmera, resultando em pixels mortos ou regiões com descoloração.
“Câmeras de celulares possuem sensores pequenos, sensíveis à luz, mas com baixa capacidade de dissipação de calor — o que os torna suscetíveis a danos térmicos causados por exposição a lasers intensos”, pontua o físico do IMT.