Os dois que vivem em você… ( Daniel Carvalho Luz)

OS DOIS QUE VIVEM EM VOCÊ

“Não confunda o personagem que você aprendeu a interpretar com a alma que você verdadeiramente é.”

Quem é você, de verdade? Não a persona que o mundo vê, mas a essência que pulsa dentro de você. Às vezes, a vida nos faz esquecer dela, mas ela nunca deixa de existir.

Vou te contar uma história. Colin Wilson, um escritor inglês brilhante, veio de uma família humilde e teve um sonho enorme: ser como Einstein. Mas a vida o forçou a sair da escola aos 16 anos. Trabalhando num emprego que não o preenchia, ele caiu num desespero tão profundo que decidiu acabar com tudo. No momento final, porém, algo clareou em sua mente: ele percebeu que, na verdade, havia dois Colin Wilson morando dentro dele. Um era um rapaz cheio de autopiedade, que se via como um fracasso. O outro era seu eu verdadeiro. E ele entendeu, de repente, que a persona derrotada estava prestes a matar os dois.

Naquele instante, tudo mudou. Colin começou a se enxergar de um novo lugar — não mais como o assistente de laboratório sem futuro, mas como o “verdadeiro Colin Wilson”. Ele descreveu essa virada como um vislumbre da “maravilha e imensidão da realidade”. E quando a forma como nos vemos se transforma, o mundo ao nosso redor se transforma junto.

E é exatamente assim com você.

Também existem dois “vocês”. Um é a persona que você criou ao longo da vida — aquela que tenta sobreviver, se adaptar, agradar, esconder medos e se proteger. Ela foi construída a partir de crenças que você aceitou como verdades absolutas, como uma “sentença perpétua” que você mesmo assinou sem perceber.

O outro é quem você realmente é. Cheio de potência, inteiro e sem limites. Mas como acessar esse eu verdadeiro?

A boa notícia é essa: a sentença perpétua não é definitiva. Você não é só o prisioneiro — você também pode ser o juiz, o júri e a corte de apelação. Pode reverter essa condenação. Pode se libertar.

A má notícia? Dá trabalho. É preciso coragem para encarar a verdade por trás da sua sentença. Revisitar as “provas” que usaram para condenar você — muitas delas criadas na infância ou em momentos de fragilidade — e trazer compaixão para aquela versão sua que só estava tentando sobreviver.

Só quando iluminamos essas feridas com compreensão, conseguimos dissolver a condenação.

O desafio é que a maioria de nós nem lembra que houve um julgamento. Enterramos essas memórias para seguir em frente. E depois, sem saber porquê, dizemos: “Ah, eu sou assim mesmo”. Mas você pode se lembrar. Pode resgatar aquele roteiro que decidiu seguir.

Que tal começar com algumas perguntas gentis?

  • Como você gostaria de ser reconhecido pelos outros? (Como inteligente, engraçado, forte?)
  • Você se lembra de quando decidiu ser “assim”?
  • Houve um momento em que sentiu que “havia algo errado”?
  • O que aconteceu nesse dia? Qual decisão você tomou a partir dali?

E, por trás de tudo: qual era a sua verdadeira intenção? Era sobreviver? Evitar a dor? Parecer digno de amor?

Não se julgue pelas respostas. A persona que você criou nasceu de uma necessidade genuína de proteção. Agora, você está pronto para encontrar quem sempre esteve ali: você mesmo. Autêntico, potente e livre.

Insight by Daniel Luz

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