Conectividade: Florestas do Brasil influenciam sucesso de plantações em outros 6 países.

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Florestas do Brasil influenciam sucesso de plantações em outros 6 países, diz estudo –Fernanda Zibordi =>Revista GALILEU

As florestas não só são importantes para a conservação de biodiversidade e a regulação do clima, mas também para fornecer água a áreas agrícolas. Elas têm papel fundamental na produção de cultivos localizadas dentro e fora dos territórios em que elas se encontram, como demonstra um estudo publicado em outubro na revista científica Nature Water.

Nele, cientistas chegaram ao resultado de que zonas agrícolas de 155 países dependem de florestas transfronteiriças para até 40% da precipitação anual. Para o caso do Brasil, as florestas do país possuem uma relação de interdependência com a produção agrícola de seis países da América do Sul – Peru, Equador, Bolívia, Paraguai, Uruguai e Argentina.

Eventos climáticos extremos das últimas décadas estão gerando significativas perdas na produção agrícola pelo mundo. Com a redução da capacidade das florestas em fornecer uma umidade estável para essas plantações devido a intensos desmatamentos, o que acontece é um efeito em cadeia: menores índices de evaporação acarretam em menos precipitação, modificando o padrão das estações chuvosas.

Pesquisadores da Universidade de Estocolmo, na Suécia, responsáveis pelo estudo, trabalharam com associações entre dados sobre fluxos de umidade e produção e exportação de safras. Eles verificaram que para gerenciar riscos globais associados à alimentação, é essencial conservar florestas a montante – aquelas na direção do vento – das regiões agrícolas.

Outro exemplo dado pelos autores é a produção e exportação agrícola na África Central, que depende fortemente da conservação florestal da República Democrática do Congo e da República Centro-Africana para um maior rendimento das culturas.

Mesmo que as áreas florestais brasileiras tenham influência continental na América do Sul, os efeitos comerciais dessa relação atingem o mundo todo.

“Esses países representam 10% das exportações globais de culturas analisadas no estudo, incluindo embarques para a Europa, Ásia, África e Oceania. Assim, as nações que importam produtos agrícolas dos países sul-americanos dependem indiretamente da umidade proveniente das florestas brasileiras”, explica Agnes Pranindita, principal autora do estudo, em comunicado.

Por outro lado, alguns dos países dependentes dos fluxos de umidade originados aqui também têm contribuição na nossa disponibilidade de alimentos. O Brasil, oferecendo umidade para Paraguai, Uruguai e Argentina, acaba importando produtos agrícolas deles. Assim, práticas de conservação de florestas brasileiras teriam tanto efeitos diretos nos países vizinhos quanto indiretos no abastecimento agrícola daqui.

De modo prático, o atual e futuro estados de grandes áreas florestais é capaz de ditar as dinâmicas de produção e suprimento de alimentos do mundo todo. Independente de fronteiras, “práticas eficazes de conservação florestal podem ajudar a mitigar os crescentes riscos induzidos pelo clima que ameaçam a agricultura”, como afirma Lan Wang-Erlandsson, uma das autoras do estudo.

 

 

 

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