O revolucionário implante ocular que ajuda pacientes cegos a ler de novo =>BBC News Brasil
Um grupo de pacientes cegos conseguiu voltar a ler após receber um implante revolucionário nos olhos que foi testado em um hospital em Londres.
Um cirurgião que inseriu os microchips em cinco pacientes no hospital Moorfields Eye, em Londres, afirma que os resultados do estudo são “incríveis”.
Sheila Irvine, de 70 anos, que é registrada como cega, disse à BBC que a sensação de poder ler e fazer palavras cruzadas novamente é algo “de outro mundo”. “É lindo, maravilhoso. Me dá muito prazer.”
A tecnologia, desenvolvida por um estudo internacional, oferece esperança a pessoas com atrofia geográfica (AG), uma forma avançada de degeneração macular relacionada à idade (DMRI).
A DMRI é uma das principais causas de perda da visão a partir dos 50 anos, segundo a Retina Brasil, uma organização sem fins lucrativos que atua em prol da saúde ocular no Brasil.
Em pessoas com essa condição, uma pequena área da retina na parte posterior do olho é gradualmente danificada, resultando em visão turva ou distorcida. Cores e detalhes finos são frequentemente perdidos.
O novo procedimento envolve a inserção de um minúsculo microchip fotovoltaico quadrado de 2 mm, com a espessura de um fio de cabelo humano, sob a retina.
Os pacientes usam um óculos com uma câmera de vídeo embutida. A câmera envia um sinal infravermelho de imagens de vídeo para o implante na parte posterior do olho, que as envia para um pequeno processador de bolso para serem aprimoradas e tornadas mais nítidas.
As imagens são então enviadas de volta ao cérebro do paciente, através do implante e do nervo óptico, recuperando em parte a visão.
Os pacientes passaram meses aprendendo a interpretar as imagens.
Mahi Muqit, cirurgião oftalmológico do hospital Moorfields Eye, que liderou a parte britânica do estudo, disse à BBC que se trata de uma “tecnologia pioneira e transformadora”.
“Este é o primeiro implante que conseguiu dar aos pacientes uma visão significativa que eles podem usar em sua vida diária, como para ler e escrever. Eu acho que este é um grande avanço”, disse ele.
Na pesquisa, publicada no New England Journal of Medicine, 38 pacientes com atrofia geográfica em cinco países europeus participaram do teste do implante Prima, fabricado pela Science Corporation, empresa de biotecnologia da Califórnia.
Dos 32 pacientes que receberam o implante, 27 conseguiram voltar a ler usando a visão central. Após um ano, isso representou uma melhora na leitura de 25 letras, ou cinco linhas, em uma tabela oftalmológica.
No caso de Sheila, sua evolução foi ainda mais drástica. Sem o implante, ela é completamente incapaz de ler.
O implante Prima ainda não foi licenciado, portanto, não está disponível fora dos ensaios clínicos. Ainda não está claro quanto poderia custar se um dia for lançado comercialmente.
No entanto, Mahi Muqit disse esperar que ele esteja disponível para alguns pacientes do serviço público de saúde britânico (o NHS) “dentro de alguns anos”.